O Caminho da Fé - SP, MG

ETAPA: SÃO PAULO A SÃO CARLOS
(11/10/2010 - Segunda-feira - 244 km percorridos de ônibus)

Saímos de casa, de táxi, com as bikes embaladas (mala bike) às 5:20 hs, chegando na Rodoviária do Tietê às 6:20 hs do dia 11 Out 2010 (segunda-feira). Pegamos o ônibus das 7:00 hs e chegamos na rodoviária de São Carlos às 10:30 hs. Após montar as bikes e os alforjes, dirigimo-nos à agência dos Correios nas proximidades da Igreja Matriz para despachar as malas bike diretamente para a cidade de Aparecida. Hospedamo-nos no Hotel Accacio (levamos as bikes para dentro do quarto), onde compramos nossas credenciais do peregrino para começar o Caminho da Fé somente na manhã do dia 12 Out 2010 (Feriado de Nossa Senhora de Aparecida). Passeamos pelo centro da cidade, visitamos o Mercado Municipal e passamos no mercado para comprar água mineral para iniciarmos o Caminho bem abastecidos.
(Obs: nessa semana quase todos os quartos do hotel estavam ocupados devido a um congresso que estava acontecendo na cidade e por pouco não conseguimos vaga no hotel.)

ETAPA: SÃO CARLOS A DESCALVADO
(12/10/2010 - Terça-feira - 1º dia de pedal - 47 km)

Após o café da manhã tipo self-service no Hotel Accacio, dirigimo-nos para a frente da Igreja Matriz, iniciando o Caminho da Fé às 7:45 hs do dia 12 Out 2010 com chegada em Descalvado às 13:00 hs. Existe um restaurante ao lado do Hotel Descalvado (levamos as bikes para dentro do quarto) que serve almoço e jantar. A média da velocidade foi de 13,2 km/h.
(Obs: atenção quando sair da cidade de São Carlos! Logo a 2,5 km da igreja matriz, no início de uma subida, terá que ATRAVESSAR a calçada (ou ilha) no meio da avenida para continuar seguindo o CÓRREGO, que fica à esquerda. Nos perdemos nesse ponto.)

ETAPA: DESCALVADO A SANTA RITA DO PASSA QUATRO
(13/10/2010 - Quarta-feira - 2º dia - 44 km)

Iniciamos o pedal às 7:35 hs em frente a Igreja Matriz de Descalvado, rumo à cidade de Porto Ferreira a 22 km de distância. Às 10:00 hs já estávamos carimbando a credencial do peregrino no Hotel Cheffer. Passamos em frente a um mercado para comprar água e lanche e seguimos para Santa Rita do Passa Quatro, chegando à cidade às 13:15 hs. Antes de entrar na cidade, seguindo pela rodovia em direção a Tambaú por mais 400 m, há uma entrada para a Cachoeira das Três Quedas, que fica dentro de um pequeno parque, sem nenhuma outra estrutura a não ser uma portaria e dois banheiros. Não havia ninguém no local, nem mesmo um vigia para pedir informações. Retornamos para a cidade de S. Rita P. Quatro e nos hospedamos no Hotel dos Viajantes, um lugarzinho muito simples e preço justo (se preferir um pouco mais de conforto, tente a Pousada da Colina). Ficamos hospedados sem qualquer problema e, como nos outros lugares, as pessoas estavam acostumadas com a presença de ciclistas, inclusive permitiram que levássemos as bikes para o quarto.
(Obs: se chegar depois das 14:00 hs, não vai achar nenhum restaurante aberto para almoçar, por isso programe-se para chegar antes das 13:00 hs e visite a cachoeira depois do almoço.)

ETAPA: SANTA RITA DO PASSA QUATRO A CASA BRANCA
(14/10/2010 - Quinta-feira - 3º dia - 59 km)

Às 6:15 hs tomamos nosso café da manhã para percorrer uma quilometragem maior a ser realizada predominantemente por asfalto. As 9:40 hs estávamos em TAMBAÚ carimbando nossas credenciais em um posto da Associação do Caminho da Fé que fica antes do Hotel Tarzan (este não carimba a credencial). Aproveite e informe-se com o Sr. Edilson sobre as mudanças que ocorreram no Caminho para Casa Branca para não se perder. A estrada que fazia parte do Caminho se tornou impraticável, por isso siga pelo asfalto. Descansamos sob as sombras da árvores na praça atrás da igreja do Padre Donizeti e somente voltamos a pedalar às 14:00 hs, quando o sol ficou mais ameno. Chegamos na Pousada Nsa. Sra. do Desterro às 17:30 hs. Recomendamos fazer reserva antecipada, porque a pousada abriga mais de 300 pessoas em retiros espirituais em várias datas do ano, como ocorreria na semana do dia 15 Out 2010. Aqui encontramos um grupo de 10 caminhantes de Descalvado sobre os quais tínhamos ouvido falar nas pousadas pelas quais tínhamos passado anteriormente. Leia os comentários escritos pelos peregrinos nos livros que ficam nas pousadas para ter uma ideia de quantas pessoas estão seguindo à sua frente.
(Obs: a pousada fica fora do centro da cidade, longe da igreja matriz. Serve janta às 19:30 hs e café da manhã às 6:15 hs. São super pontuais!)

ETAPA: CASA BRANCA A VARGEM GRANDE
(15/10/2010 - Sexta-feira - 4º dia - 50 km)

Às 7:45 hs saímos da pousada do Desterro, seguindo as setas amarelas que levam para a Igreja Matriz de Casa Branca. Enquanto esperávamos a bicicletaria abrir para trocar a corrente da bike do Adilson (no dia anterior, quando subia a marcha da bike para enfrentar os aclives mais acentuados, a corrente fazia muito barrulho, como se fosse pular para outra marcha). Resolvemos aproveitar o tempo e inverter o sentido de rotação do pneu traseiro da bike da Claudia, que tinha sido incorretamente instalado em SP. Isto deu tempo para que a chuva, que tinha caído desde a madrugada, passasse. Serviços realizados, seguimos rumo à Casa Branca não sem antes nos perdemos na saída da cidade ao entrar em uma floresta de eucaliptos que estavam sendo derrubados. Saímos o mais rápido possível dali e chegamos a um ponto do asfalto sem as setas amarelas. Seguimos reto pela rodovia em direção à Vargem Grande e, quando estávamos pedindo informação a um pedestre em cima do viaduto, observamos três ciclistas passando por baixo dele. Retornamos e seguimos na mesma direção e avistamos novamente as setas indicativas. As 13:16 hs passamos pelo Cristo Redentor na entrada de Vargem Grande e, algum tempo depois, estávamos carimbando a credencial no Príncipe Hotel, que fica ao fundo de um posto de gasolina. Às 15:05 hs deixamos a cidade em direção à Pousada de D. Cidinha (a caminho de São Roque da Fartura, na SERRA DOS LIMAS). Uma visita a essa pousada nos foi altamente recomendada (e, após conhecê-la, também recomendamos fazer uma parada lá!). D. Cidinha está localizada a uma distância de 12 km da cidade, no topo de uma subida muito íngreme que nos obrigou a empurrar a bike. Uma parada nesse ponto é providencial para qualquer peregrino! Pouco tempo depois chegaram os 10 caminhantes de Descalvado. Os três ciclistas, que involuntariamente nos indicaram o caminho correto a seguir na saída de Casa Branca, já se encontravam lá há algum tempo e de banho tomado. Nunca comemos um jantar tão caprichado, feito no forno a lenha, e com tanto gosto! E tem mais: basta pronunciar o seu nome uma única vez, que D. Cidinha jamais o esquecerá! Ela tem uma memória e tanto!
 (Obs: é possível lavar roupa na pousada da D. Cidinha. Roupa de ciclista está seca no dia seguinte.)

ETAPA: POUSADA DONA CIDINHA A ÁGUAS DA PRATA
(16/10/2010 - Sábado - 5º dia - 30,50 km)

Às 7:05 hs, após um tomar um café tão maravilhoso (com quitutes feitas pela própria D. Cidinha) como o jantar da véspera, deixamos a Pousada. Como estávamos nos aproximando da Serra da Mantiqueira (divisa SP/MG), os morros ficavam cada vez mais acentuados e as bikes, carregadas com alforjes pesando aproximadamente 8 kg, faziam a bike inclinar para trás. Mesmo freando o máximo possível, o peso do conjunto bike/ciclista empurrava a bike para baixo tanto nas subidas como nas descidas. Descobrimos, após algumas tentativas de erros e acertos, que era mais eficiente usar o freio dianteiro com maior intensidade que o traseiro nas descidas. Esta técnica evitava que, ao frear sobre cascalho na estrada, a parte traseira com o alforje fosse projetada para a frente. Ao fazer isso, porém, é fundamental que todo o peso do corpo seja colocado firmemente sobre o selim para evitar qualquer risco de capotar na frente da bicicleta em função da grande velocidade adquirida pela bicicleta nas descidas.
Um pouco depois da cidade de São Roque da Fartura há a Pousada da D. Cida com uma refrescante queda d'água em sua propriedade, que vale a pena visitar. Antes de chegar na pousada localizada em cima do morro, há uma lanchonete. Peça permissão para passar pelo portão que dá acesso à queda d'água. Após essa parada estratégica pra molhar os pés e tomar um lanche revigorante, o grupo de 10 caminhantes de Descalvado nos alcançou novamente enquanto carimbávamos nossas credenciais. Todos tinham a intenção de se hospedar na Pousada da Associação em Águas da Prata. A chegada em Águas da Prata é feita por uma descida terrivelmente inclinada, muito cuidado! O freio desgastou-se rapidamente e tivemos que trocar um par de pastilhas na bicicletaria ao lado da Associação dos Amigos do Caminho da Fé. Almoçamos às 13:40 hs em um restaurante em frente aos quiosques com artesanato e comidinhas do outro lado do rio e visitamos as fontes na praça.

ETAPA: ÁGUAS DA PRATA A POUSADA DE D. NATALINA 
(17/10/2010 - Domingo - 6º dia - 45 km)

Fato curioso aconteceu quando fomos tomar um café na padaria do outro lado da rua da pousada. O dono da padaria e seu filho haviam aberto o estabelecimento há aproximadamente um mês atrás, quando se mudaram para a cidade provenientes de São Paulo, Capital. Isto foi motivo suficiente para nada mais nada menos que duas horas de prosa! Prepare-se, tome um café reforçado, pois virão mais subidas pela frente. A não ser que tenha muita força na perna, o "empurra bike" vai ser uma constante... Chegamos na POUSADA PICO DO GAVIÃO por volta da hora de almoço sob chuva forte. Era curioso avistar uma pousada tipo "padrão turístico" em um lugar tão afastado. Mas isso talvez fosse em virtude da proximidade com o Pico do Gavião, local muito visitado por turistas, de fácil acesso com carro, de onde são realizados vôos de parapente. O dono da pousada, inclusive, é um aficcionado por esse esporte e trabalha como instrutor de vôo. Chegamos em ANDRADAS/MG sob garoa. Na tentativa de fugir do movimento das cidades, decidimos estender nossa pedalada por mais 15 km atá a POUSADA DA D. NATALINA. Entramos em contato por telefone antes para garantir vaga e para dar tempo hábil para a anfitriã nos preparar um jantar quentinho.
Outro fato pitoresco aconteceu nesse dia. À medida que pedalávamos, o número de casas parecia estar escasseando e tínhamos a sensação de estar saindo do pequeno vilarejo. Ficamos com dúvida se tínhamos passado a pousada, talvez não estivesse bem sinalizada e não tivéssemos visto a placa. Passamos pela igreja, que estava em plena festa, cheia de gente fazendo churrasco e bebendo, quando surgiu à nossa frente um grande cachorro preto. Tentamos desencorajá-lo a nos seguir, mas o cão foi insistente e continuou a correr à nossa frente, virando a cabeça para trás de vez em quando para certificar-se se de que estávamos realmente vindo. Após +/- 1,5 km, ele saiu da estrada e passou por baixo do arame farpado e sumiu em alguma propriedade. Ficamos aliviados e seguimos e frente e, logo após a curva, avistamos a placa POUSADA D. NATALINA. E pasmem! Quem estava esperando na entrada? A D. Natalina e o grande cachorro preto sentado ao seu lado, abanando impacientemente o rabo! D. Natalina, muito hospitaleira e carinhosa, nos explicou, como se isso fosse absolutamente normal, que seu cão trazia os peregrinos para a pousada. Sugerimos que colocasse uma placa no pescoço de animal tão prestativo: "Siga-me à Pousada D. Natalina". Se gostar de tranquilidade, não deixe de pousar ali. Encontrará um lugarzinho simples, todo arrumadinho pela D. Natalina e seu marido Cláudio, pessoas de coração enorme, que fazem de tudo para agradar o peregrino. Compramos 1 kg de café torrado e moído ali mesmo e que foi heroicamente levado pelo Adilson morro acima, morro abaixo até São Paulo. Que loucura!

ETAPA: POUSADA D. NATALINA A INCONFIDENTES
(18/10/2010 - Segunda - 7º dia - 42,5 km)

Saímos às 7:00 hs da Pousada da D. Natalina sob chuva e em 50 min estávamos em BARRA e às 10:30 hs em CRISÓLIA. Normalmente nossa velocidade média variava de 10 a 12 km/h. Nas subidas íngremes nossa velocidade chegava a ser abaixo da marcha de um caminhante. Carimbamos nossas credenciais no Bar da Zeti, onde encontramos um casal que caminhava à nossa frente e que também havia se hospedado na POUSADA D. NATALINA antes de nossa chegada. Nesse dia pedalamos por duas cidades sem pousar e acabamos por alcançá-los. Sílvia e Gustavo tinham parado no Bar da Zeti para almoçar e descansar os pés cheios de bolhas e uma tendinite persistente que muitas vezes aflige os caminhantes. Conversamos bastante e trocamos e-mails. As 13:13 hs estávamos em frente ao portal da cidade de OURO FINO (Menino da Porteira). Ainda tínhamos uma tarde inteira para pedalar e estávamos em boas condições físicas, então esticamos o percurso até INCONFIDENTES, não antes de carimbar a credencial na Pousada Arco Íris, em Ouro Fino. Se desejar hospedar-se na POUSADA ÁGUAS LIVRES, avise D. Neide ou seu Osvaldo antes para que possam preparar uma janta. Eles possuem uma confecção "Crochê Neide" logo na saída da cidade, em um prédio do lado esquerdo da rua, antes de cruzar a rodovia.

ETAPA: POUSADA ÁGUAS LIVRES A TOCOS DO MOGI
(19/10/2010 - Terça - 8º dia - 30,5 km)

Ao chegarmos à POUSADA ÁGUAS LIVRES na tarde do dia anterior, conhecemos mais um caminhante de primeira viagem, o Sérgio, de São Paulo/SP, com o qual fizemos boa amizade. Saímos da pousada as 7:30 hs e o Sérgio às 6:50 hs. Só o encontramos depois do nono km de pedal. Conversamos um pouco e seguimos para BORDA DA MATA com chegada às 10:30 hs. Durante nosso descanso na praça da Igreja Matriz após almoço, o caminhante Sérgio nos alcançou. Que alegria! Esses reencontros renovavam nossos ânimos! Como empurrávamos a bike constantemente (pode-se dizer que fizemos o caminho de bike e caminhando mesmo tempo, ups!), ele nos alcançava quando fazíamos paradas mais extensas. E não foi diferente numa grutinha com água potável a 8 km de Borda da Mata rumo a Tocos do Mogi. O esforço de empurrar a bike nas subidas fez Adilson recordar das mensagens de incentivo da Maratona de Blumenau da qual participou há alguns anos atrás e, lembrando-se de nosso amigo, que certamente iria passar pelo local onde estávamos, resolveu deixar mensagens de motivação em um bilhete. Mais tarde, em nosso segundo reencontro, já na Pousada da D. Terezinha em Tocos do Mogi, Sérgio nos contou que o bilhete o ajudou muito a achar novo ânimo em sua caminhada solitária. Chegamos em Tocos por volta das 16:00 hs. Sérgio chegou ao cair da tarde por volta das 18:00 hs, exausto e sedento por um banho e algumas horas de descanso, antes de sairmos pra jantar e jogar conversa fora no Restaurante da Gilda localizada a algumas quadras depois da pousada.

ETAPA: TOCOS DO MOGI A CONSOLAÇÃO
(20/10/2010 - Quarta - 9º dia - 38,7 km)

Saímos somente às 8:26 hs de Tocos rumo a ESTIVA. As manhãs eram boas para pedalar, pois estávamos descansados e a temperatura estava amena. Tudo ficava mais fácil, apesar da distância que tínhamos percorrido e das subidas constantes que tínhamos que enfrentar. Já não mais pedalávamos no horário do sol mais forte do meio-dia às 15:00 hs. Mais uma vez paramos para carimbar a credencial na Pousada Poka, onde conhecemos mais dois ciclistas (Marcos e Hached de Ribeirão Preto/SP) que pretendiam fazer o Caminho de Tambaú a Aparecida em apenas 5 dias. Só começamos a pedalar novamente às 15:50 hs nesse dia e quando chegamos perto de uma verdadeira "parede" com calçamento perto de Consolação, para nossa surpresa, os dois ciclistas nos alcançaram. Pensávamos que deveriam estar longe, em virtude do ritmo que vinham fazendo. Soube depois que pegaram no sono depois de um almoço caprichado e só começaram o pedal prá lá das 16:30hs. Quando chegamos à Consolação, os encontramos juntamente com mais um casal que caminhava, na Praça da Igreja Matriz, aguardando a abertura da Pousada até a anfitriã, D. Elza, voltar das compras.

ETAPA: CONSOLAÇÃO A LUMINOSA
(21/10/2010 - Quinta - 10º dia - 44,6 km)

Saímos da pousada às 7:50 hs rumo a PARAISÓPOLIS, lá chegando às 11:00 hs. Enquanto aguardávamos o sol baixar um pouco para continuarmos a pedalar, Márcia e Pedro, que conhecemos na pousada em Consolação, nos alcançaram. O casal caminhante tinha a intenção de se hospedar na cidade, enquanto nós levantávamos de nosso acampamento na praça da Igreja Matriz e nos dirigimos para a estrada em direção à Luminosa. A 16 km de Paraisópolis nossas últimas reservas de água tinham terminado. Nossa salvação foi um barzinho no bairro de CANTAGALO (que também carimba a credencial), onde compramos garrafinhas de água gelada e, de sobra, ainda ganhamos 2 cocas geladas de um Sr. que conversou bastante conosco, com muita história pra contar sobre o tempo em que trabalhou em SP antes de se aposentar e voltar para sua terra natal. Os dois outros ciclistas que chegaram depois de nós já não tiveram a mesma sorte, rsrsrs!
Antes mesmo de chegar em Luminosa já se podia avistar a pequena cidade do alto do morro. A descida acentuada exigia concentração e as mãos sobre o guidão se cansavam de tanto frear. Ciclistas mais experientes e sem bagagem provavelmente desciam sem grandes problemas, mesmo com o piso acidentado. A pousada em Luminosa possui três andares e numerosos quartos, mas aqui as bikes ficaram na garagem coberta no térreo.

ETAPA: LUMINOSA A CAMPISTA
(22/10/2010 - Sexta - 11º dia - 27,8 km)

Sabíamos que neste dia enfrentaríamos a pior serra do caminho, a SERRA DA LUMINOSA, em direção à CAMPOS DO JORDÃO. Depois da Serra dos Limas, acreditávamos que nada mais poderia nos deter em nossa pedalada rumo à Aparecida, mas sabíamos que subir a serra inteira, pedalando, seria uma utopia. Fomos ganhando terreno pouco a pouco, empurrando as bikes, "rastejando" e descansando de tempos em tempos, tudo muito lentamente pra dar tempo que contemplar a vista espetacular. A distância que nos dias anteriores contávamos em quilômetros, neste dia se resumia a meros metros. O cansaço da viagem já se acumulava nas pernas, morro acima, morro abaixo, sempre desmontados nas partes mais difíceis, que agora mostravam sua face. A Claudia, um tanto desanimada e exausta ao avistar o menor sinal de subida, já desmontava para empurrar a bicicleta. Resolvemos não forçar muito e nos hospedamos na POUSADA BARÃO MONTÊS, que fica logo depois do término da estrada de terra e início do asfalto em direção a Campos. Aproveitamos para visitar a PEDRA DO BAÚ, que fica a 7 km da pousada pelo asfalto. É claro que não poderiamos deixar passar essa oportunidade! A placa na estrada engana um pouco, pois indica a distância de 4 km quando, na realidade, pedalamos mais de 7 km para chegar ao começo da trilha que leva à Pedra do Bauzinho. Para se chegar à Pedra do Baú, caminha-se mais 3 hs por trilha, em mata fechada, para ir e voltar. Como chegamos no finalzinho da tarde, a caminhada por esta trilha ficou adiada para uma próxima viagem. É bom ter um bom casaco à mão, pois as noites na pousada são frias em virtude da altitude de Campos do Jordão.

ETAPA: POUSADA BARÃO MONTÊS A CAMPOS DO JORDÃO 
(23/10/2010 - Sábado - 12º dia - 30 km)

Estávamos muito, muito perto de chegar em Aparecida! Agora era ter paciência, antes tínhamos que ter perseverança e também humildade. Todas essas coisas o "Caminho" ensina a quem estiver preparado para trilhá-lo. Ele tem muitos ensinamentos a dar. Às 10:45 hs estávamos em Campos, ainda indecisos se deveríamos seguir pedalando rumo à Aparecida ou se deveríamos pousar na cidade. Resolvemos hospedarmo-nos no REFÚGIO DOS PEREGRINOS, para desfrutar um pouco de Campos e da companhia do Sr. Edson e Marilda. Edson e Marilda são ótimos conhecedores da região e do Caminho e nos prestaram informações valiosas para chegarmos com segurança a nosso destino - APARECIDA. E de quebra ainda pudemos conversar com o Mauro, que é gerente de vendas da Caloi, que nos enriqueceu com seu conhecimento sobre bicicletas. Almoçamos a 1,5 km da pousada no restaurante Sergio's com comida boa a preço acessível para os padrões de Campos. Na volta de nosso almoço, encontramos o casal caminhante Pedro e Márcia haviam acabado de chegar na pousada. Esses encontros são gratificantes, pois há muito o que compartilhar!

ETAPA: CAMPOS DO JORDÃO A APARECIDA
(24/10/2010 - Domingo - 13º dia último de pedal - 74 km)

Depois de um cafezinho gostoso e um bolo delicioso preparado pela anfitriã Marilda, nos despedimos de nossos amigos (vamos ficar com saudades!) para pedalar nos 74 km mais fáceis que já tinhamos feito. Campos está a 1.800 mts de altitude e Aparecida a 500 e poucos metros acima do nível do mar, ou seja, é uma descida deliciosa! Esse foi o único momento que nos desviamos um pouco do trajeto original, que direciona o caminhante pelos trilhos do trenzinho que liga Campos a PINDAMONHANGABA, mas cujo trajeto é impraticável para os ciclistas. Descemos então a Serra pelo asfalto, sob neblina, passando pelo túnel, em um cenário que lembra os filmes de mistério, mas sem qualquer susto. Ao final da Serra paramos para olhar para trás e contemplar o trajeto que tínhamos feito. Parecia tudo tão surrealista! O trajeto que tínhamos feito tantas vezes de carro e de moto hoje foi feito de bicicleta. Quem poderia imaginar? Se isso foi possível, então nada mais nos impediria de levar as bicicletas para qualquer outro lugar!
O caminho de Pindamonhangaba para Aparecida foi um "passeio". Além da topografia relativamente plana da cidade e da implementação de ciclovia em vários trechos, o vento soprava a nosso favor como se estivesse nos empurrando para Aparecida. Chegamos às 13:45 hs em frente à Basílica com as bicicletas para registrar o momento da chegada com nossa câmera fotográfica. E esse momento por pouco não nos foi concedido, pois um segurança prestou informação equivocada, alegando que a entrada de bikes para a Basílica não era mais permitida e que teríamos que estacioná-las no bicicletário junto à portaria. Mas uma maõzinha divina teve misericórdia de nossa tamanha decepção: o funcionário do bicicletário (talvez diante de nossas caras de descontentamento) avisou que poderíamos seguir empurrando as bicicletas, só não sendo permitido seu estacionamento para assistir a missa. Ufa! No final, nossas grandes companheiras de jornada saíram nas fotos também! O dia estava salvo!

ETAPA: APARECIDA A SÃO PAULO
(24/10/2010 - Segunda - 14º dia - Transporte rodoviário)

Permanecemos um dia em Aparecida e, no dia seguinte, pegamos nossas malas bike nos Correios próximo à Rodoviária. Partimos no primeiro ônibus que saiu para São Paulo sem mesmo ter que embrulhar as bikes (a viação Pássaro Marrom colocou as bicicletas inteiras no bagageiro do ônibus, sem embaraço). Voltamos para São Paulo embalados nas lembranças de todos os momentos que passamos no Caminho. Dizem que quem faz o Caminho uma vez sempre volta e apostamos nisso! Assim que tivermos a oportunidade, vamos fazer tudo de novo começando pelas cidades de Cravinhos ou Mococa. Caminho da Fé, nos aguarde em 2011!

Nossos sinceros agradecimentos ao pessoal da Associação pela existência do Caminho, ao pessoal das pousadas pelo acolhimento caloroso e a todos os peregrinos que cruzaram conosco compartilhando suas experiências rumo ao mesmo destino.

Veja as fotos de nossa viagem.

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