Joanópolis (+2 cidades) a São Francisco Xavier - MG

CICLOVIAGEM
Joanópolis - Monte Verde - Gonçalves - São Francisco Xavier
8 a 14 de abril 2014 - 200 km

Inspirados no Guia de Trilhas 2 de Guilherme Cavallari, partimos para mais uma cicloviagem de 4 dias pela Serra da Mantiqueira, no Estado de Minas Gerais. Sabíamos que essa travessia não seria fácil, como já informava o autor em seu Guia e em sua viagem descrita no blog Carnaval Bike Mantiqueira 2014. Mas a beleza da região, sua culinária e produtos artesanais locais eram atrativos irresistíveis.

JOANÓPOLIS - MONTE VERDE - 42,6 km

Saímos de casa pedalando, às 6:30h do dia 08/04/2014, para pegar o ônibus da Viação Atibaia às 9:00h no Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo. Levávamos na bagagem 2 conjuntos de plástico para embrulharmos as bikespara o transporte, mas a vontade era mesmo de colocá-las no bagageiro do ônibus do jeito que estavam: inteiras! No guichê de compra de passagens perguntamos sobre a possibilidade de levar as bicicletas sem desmontar, mas não souberam informar com precisão e nos orientaram perguntar ao motorista. Para nossa sorte, o motorista do ônibus foi muito gentil e permitiu levar as bicicletas completamente montadas no bagageiro do ônibus. A viagem foi tranquila e chegamos em Joanópolis por volta das 12:00h.

Como tínhamos decidido só começar o pedal no dia seguinte, sobrou-nos tempo para achar um restaurante e almoçar com calma, conhecer a cidade e a pousada onde pernoitaríamos.

Seguindo a rua da rodoviária em direção à Igreja Matriz, encontramos um restaurante agradável, o restaurante De Paula. Apreciamos o almoço, observando o movimento da praça da igreja pela janela.

A pousada já estava reservada anteriormente. NO final de tarde, nos dirigimos ao Casarão Albergue da TUCA (R$ 80,00 a diária para casal, sem café da manhã) para um banho e um descanso.

Na manhã seguinte,  após um café na padaria da Praça da Igreja Matriz, saímos para nosso primeiro dia de pedal. A primeira tentativa para acharmos a rota inicial (tendo a escadaria às nossas costas e seguindo em frente, como "parecia" estar indicado na planilha) se mostrou frustante. Voltamos ao ponto inicial. Na segunda tentativa, nos informamos com alguns moradores, tentamos dar a volta na Igreja e saímos numa intersecção como no ponto 0,85 do guia, mas observamos que a distância não batia com a da planilha. Voltamos ao ponto inicial novamente. Com mais atenção agora, tentando decifrar o enigma, viramos a planilha no sentido horário e, não é que deu certo? Partimos finalmente às 7:45h.

Tudo correu bem até o ponto 17.22 (carvoaria + alguns metros). Neste ponto fomos alcançados por um motorista, que nos alertou que não seria possível continuarmos seguindo naquela direção. Segundo ele, haveria uma porteira trancada logo à frente e orientou-nos sair da estrada principal e pegar uma outra estrada à esquerda. Ficamos com dúvidas se deveríamos sair da rota indicada no guia e perder a referência da quilometragem indicada. Decidimos seguir mais um pouco adiante e averiguar as condições. A porteira estava lá (não há essa indicação na planilha) e estava destrancada. Nada nos impediria de seguir em frente conforme a rota se não fosse um enorme cachorro depois da porteira e fato de não ter nenhuma pessoa nas imediações que nos autorizasse a seguir em frente...

Retornamos alguns metros e vimos que realmente existia um desvio, conforme sugerido pelo motorista.  Na ida, passamos pelo local sem identificar o desvio à esquerda. Seguimos a viagem por lá, um pouco a contragosto.

Esse atalho se mostrou um tanto difícil de pedalar e tivemos que empurrar a bike morro acima. Não tínhamos certeza aonde iríamos parar, então ficamos aliviados quando saímos novamente na estrada principal, conforme previsto pelo guia após o single track. Se tivéssemos seguido à esquerda na bifurcação do ponto de ônibus 15.12, teríamos chegado a esse ponto da estrada principal também (eis uma sugestão para os ciclistas que forem fazer esse trecho e não quiserem ser advertidos).

Conseguímos reestabelecer nossa posição no ponto 20.77 da planilha e continuar a viagem. Por volta das 15:00h, depois de passarmos o ponto de referência 28.09, não conseguíamos mais reconhecer as indicações da planilha e a estrada estava com aspecto de ser pouco utilizada e fechada, ou seja, ... estávamos perdidos! Nada como consultar o nosso amigo "GPS" que já nos tirou de outras enrascadas! Conseguimos ver que existia uma referência desta estrada, agora tomada pelo mato. Seguimos alguns metros adiante até chegarmos a uma estrada mais aberta, atravessamos todo a área de reflorestamento da "Melhoramentos" e alcançamos o ponto 35.37, sedentos e cansados!

Os últimos quilômetros até o Chalé Lua de Mel (conseguimos um promocional, fora da temporada) nos fundos da cidade, pareceram realmente estafantes.

Com uma noite de descanso e completamente reestabelecidos, partimos na manhã seguinte (quinta-feira - 10/04/2014) para um trekking até o Morro do Mirante e Platô e ao morro da Pedra Redonda, a partir dos quais se pode avistar tanto a cidade de Monte Verde, de um lado, como a parte da cidade de São Francisco Xavier, do outro.

MONTE VERDE - GONÇALVES - 49,4 km

Saímos cedo (7:00h - Sexta-feira - 11/04/2014) para tomarmos o café matinal na Padaria Lua de Mel, que ficava a algumas quadrada da pousada de mesmo nome (negócios de família).

Reabastecemo-nos de duas garrafas de 1,5 litros de água e algum lanche para passarmos o dia, já que sabíamos que existia poucos lugares para fazê-lo. E quando encontrávamos algum barzinho, estava fechado fora da temporada.

Voltamos pelo mesmo caminho que tínhamos feito quando chegamos a Monte Verde, encontrando a enorme Araucária no meio do asfalto no ponto 4.04 e prestando mais atenção as indicações da planilha.

Lá pelo quilômetro 36.07 saindo do Bairro Juncal, já cansados do transcorrer do dia, é que se enfrenta a parte mais difícil da travessia, uma "parede" de 400 m ascendente e igual metragem na descendente. Nem aproveitávamos a descida, com cascalho escorregadio, ficava perigoso tentar uma investida mais arrojada. Só pensávamos, desmotivados, ter que fazer o mesmo esforço na manhã seguinte em direção a São Francisco Xavier por 18 km. Me informei na cidade se teríamos uma segunda opção para visitar aquela cidade, mas a que existia era ir pelo asfalto, aumentando em muito a quilometragem e os riscos.

Uma charmosa casa com utensílios antigos, do lado da Igreja Matriz (Pousada do Sol - Ivanilde) se mostrou oportuna para dois ciclistas exaustos. E nada melhor para encerrar o dia com uma pizza, (Pizzaria Porão) num ambiente aconchegante e familiar.

GONÇALVES - SÃO FRANCISCO XAVIER - 54 km

Noites bem dormidas recuperam o corpo e o espirito! Pudemos zarpar logo as 8:15h da manhã e atravessamos a "parede" com renovadas forças, mesmo que no "empurra bike". Foi um alívio quando chegamos no "Bar do Trevo" (km 32.75 - 14:15h) e ver que até aquele momento o dia tinha rendido bem, mesmo que nossa média fosse baixa, chegaríamos ainda ao final da tarde em São Francisco Xavier.

Depois que se passa do km 42 (Serra de Sta Bárbara) a descida revitaliza as energias e os últimos 10 km são feitos sem esforço.

Nada como já se saber onde se vai "pousar", graças a uma pesquisa prévia, a Pousada Alpina (D. Cleusa) se mostrou a melhor opção. Com preço acessível (R$ 130,00 - casal), um bom café da manhã, localizada na praça central e com um bom restaurante (que serve janta - Restaurante Chico) ao lado, não poderia ser melhor, para dois viajantes.

SÃO FRANCISCO XAVIER - JOANÓPOLIS - 54 km

Quarto dia de pedal, pernas cansadas, quilometragem alta. Com passagens (R$ 24,85) compradas antecipadamente para retorno à SP, não poderíamos perder tempo no trajeto para chegar em Joanópolis, às 18:00h.

O dia mais bonito da viagem.

Mais uma vez, não conseguimos interpretar a "saída" e isso nos tomou "caros" 40 minutos, para seguir na direção correta. Uma indicação é: estando na frente da Igreja Matriz (com ela a suas costas) , zerar o odômetro e se dirigir para sua esquerda, dando a volta pelos fundos da igreja e seguir a indicação das placas de trânsito para a cachoeira Pedro David, que se encontra logo no primeiro quarteirão. Todas as indicações da planilha batem, depois que se pega o azimute correto.

Apesar do esforço dos primeiros 13 km iniciais ascendentes, o visual é deslumbrante e a serra se mostrou "pedalável". A chuva que caiu na noite anterior foi boa para abaixar a poeira da estrada, o dia estava perfeito.

Surpresa mesmo, foi encontrar um ciclista MTB treinando no percurso que estávamos fazendo, lá pelo Km 16. De resto tudo correu "conforme manda o figurino".

Com tempo ainda de sobra, conhecemos a Cachoeira dos Pretos, mas como lugares superpovoados não são nosso destino, ficamos muito pouco tempo no lugar, que tem estacionamento pago (R$ 5,00 para carros, R$ 2,00 para moto, bike GRÁTIS). Eba! E ainda pode-se chegar com a bike pertinho da cachoeira.

Atenção: o percurso de asfalto nos quilômetros finais  (20 km) para se chegar a Joanópolis em finais semana ficam muito PERIGOSOS, devido ao trânsito intenso e impudência dos motorista. CAUTELA!

Finish!

Conclusão: Nada é fácil na vida, nem aqui, nem em qualquer lugar, ou época. Mas precisamos viver, perceber que podemos realizar alguma coisa. Precisamos perceber que não estamos "mortos".

VIVA A VIDA!

Veja as fotos da cicloviagem Joanópolis - Monte Verde - Gonçalves - São Francisco Xavier.

Comentários

  1. Bom dia, muito legal ler o seu relato. Vou fazer essa ciclo, sozinho, em Maio, será minha primeira, e me baseei em sua viagem. Eu tenho o Guia de Trilhas 2, do Cavallari, mas acho muito ruim se basear pelas coordenadas da planilha que constam nele, já que tenho um GPS da Garmin. Montei a rota pelo site da Garmin, mas temo deixar de passar por algum local que não deveria.

    Você, por acaso, não tem os arquivos GPS para disponibilizar, por gentileza?

    Olha o roteiro que montei pro GPS.
    https://connect.garmin.com/modern/course/11766131

    Parabéns pelo site.

    abraço
    Eduardo.

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  2. Olá Eduardo, enviamos a resposta para o seu e-mail.

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